14/02/2012

Dia de S. Valentim

 Dia dos Namorados
A Equipa da Biblioteca celebra o AMOR recriando a tradição dos lenços dos namorados. Divulgamos a sua história junto da comunidade escolar e convidamos os mais pequenos a elaborar réplicas dos famosos e coloridos lenços: 
Esperamos o resultado do desafio.
Por agora, aqui fica  história:



"Lenços dos namorados" ou "Lenços de pedidos"

«Os Lenços de Amor ou de Namorados têm a sua origem nos lenços senhoris dos séculos XVII e XVIII e foram posteriormente adaptados pelas mulheres do povo. Numa primeira fase, começaram a ser usados como adereço do traje feminino passando mais tarde a peça integrante do enxoval que a moça começava a preparar na infância. Entre lençóis e atoalhados era comum bordar-se um lenço subordinado ao tema do AMOR depois de concluído era usado pela autora na bainha da saia ou no bolso do avental e mais tarde seria oferecido ao rapaz por ela escolhido».

Desde sempre, os portugueses partiram: ou para ganhar o sustento noutro lugar, ou para a guerra, ou para embarcarem em navios na aventura da Expansão

Na hora da despedida, em certas regiões do norte de Portugal, era “obrigatório” a rapariga apaixonada oferecer um lenço ao namorado. Lenço bordado por ela, com uma quadra da sua autoria. Se bordava com erros ortográficos, isso era um pormenor insignificante, o que contava - e conta - são os sentimentos.

“Os lenços eram uma espécie de anéis de noivado, na medida em que o seu uso por parte do homem significava aceitar o compromisso com a moça que o bordou. Eram uma declaração de amor que as “moças em idade casadoira” ofereciam como uma prenda entre namorados. Este, por sua vez, para assumir publicamente o compromisso, usava-o por cima do casaco domingueiro, no bolso, ou ao pescoço”.
Os símbolos mais comuns que encontramos nos lenços estão direta ou indiretamente ligados ao seu tema chave: o AMOR. Corações, motivos florais, chaves, pássaros e ramos. “Encontramos também silvas que são adornos bordados em forma de cercadura que imitam motivos florais e são também utilizadas para as orlas dos lenços”.

«Quando uma jovem era nomeada mordoma, o namorado mandava fazer um lenço com lindos bordados, incluindo juras de amor e de fidelidade, para lhe oferecer no dia da festa. A mordoma usava essa delicada prenda para segurar a vela enfeitada com que desfilava na procissão. O mesmo lenço viria a ser usado no dia do casamento para segurar o ramo de noiva, e mais tarde para cobrir o rosto após sua morte».




Justificação dos erros nos lenços



Raros são os lenços que não apresentam um ou dois dizeres, onde os erros de ortografia reinam, pois lembremos que a maioria das bordadeiras não sabiam ler nem escrever, limitando-se a copiar as letras e palavras de marcadores já elaborados.

Nestas quadras não se pode procurar concordância ou respeito pelas regras de ortografia. Há letras invertidas, letras que faltam ou que sobram, outras indecifráveis daí que seja necessário interpretar estes dizeres tão próprios do povo do Minho.

No entanto as quadras têm um elo em comum: o Amor, a temática subjacente à própria natureza dos Lenços de Namorados, onde é, na maioria das vezes, expressa por uma promessa de amor, como podemos constatar nas quadras seguintes:
E tan certo eu amarte
Como o lenço branco ser
Só deixarei de te amar
Cuando o lenço a cor perder

O meu coracao
so a ti adora
So por ti suspira
 so por ti chora

Bai lenco da minha mao
Bai currer a freguesia
Bai dar em formações
Da minha sabeduria

Méu curação lial quem
Mo qizér amar
Merserá gárnde
Castigo quem no cizér falsiar

Aqui tens meu coração
E a chabe pró abrir
Num tenho mais que te dar
Nem tu mais que me pedir.

Bai carta feliz buando
Nas asas dum passarinho
Cando bires o meu amor
Dále um abraço e um veijinho

Meu Manel bai pró Brasil
Eu tamen bou no Bapor
Guardada no coração
Daquele quê meu amor


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