14/05/2010

LIVRO DO MÊS DE MAIO

A máquina de fazer espanhóis


Mãe, Valter Hugo (2010),
A máquina de fazer espanhóis
,
Edição Alfaguara








Resumo:

António Silva, um senhor de oitenta e quatro anos, vê a sua vida mudar drasticamente quando a sua mulher Laura morre. Morre o seu grande amor e é abandonado num lar pelos seus filhos. Revoltado e com medo do pouco tempo que lhe resta, num primeiro impulso, resigna-se e fecha-se ao Mundo. Após um tempo de reflexão, começa a habituar-se à sua nova vida e conhece outros que, tal como ele, foram ali abandonados. No momento mais árido da sua vida, ainda se surpreende com a manifestação de alguma alegria. E é aqui que percebe que nem tudo é mau. Conhece o famoso João Esteves, um senhor que serviu de inspiração a poemas de Fernando Pessoa, um ídolo seu. E este é o ponto de partida para uma história magnífica e arrepiante, que nos fala da terceira idade e da iminência da morte, que nos diz que a opinião dos velhos ainda tem de contar.

Opinião:

É uma obra absolutamente fascinante, que nos prende do início ao fim. É um ponto de vista pouco comum, em que a personagem principal, António Silva, um senhor de oitenta e quatro anos, nos dá a conhecer o outro lado da nossa sociedade, o lado em que a alegria é escassa e o tempo contado, em que é preciso aprender a lidar com a revolta da perda e, acima de tudo, é preciso encontrar motivos para sobreviver.

Com uma escrita sincera e clara, com uma liberdade formal que o autor justifica pelo facto de gostar «da limpeza das minúsculas», Valter Hugo Mãe mostra-nos como vive a terceira idade, abandonada e esquecida por todos. Este livro é uma tentativa de perceber que drama é esse de, a dada altura da vida, estarmos a viver contra o corpo.




valter hugo mãe

Perfil biográfico
valter hugo mãe nasceu em Saurimo, Angola a 25 de Setembro de 1971. Passou grande parte da sua infância em Paços de Ferreira, porém em 1980 mudou-se para Vila do Conde. Licenciou-se em Direito e fez uma pós-graduação em Literatura Portuguesa Contemporânea e Moderna.

Em 1999 fundou com Jorge Reis Sá a “Quasi edições” na qual publicou obras de Mário Soares, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto, António Ramos Rosa, Artur do Cruzeiro Seixas, Ferreira Gullar, Adolfo Luxúria Canibal e muitos outros. Em 2001, ainda na Quasi, co-dirige a revista “Apeadeiro” e em 2006 funda a editora Objecto Cardíaco. Em 2007 atingiu o reconhecimento público com a atribuição do Prémio Literário José Saramago, durante a entrega do qual o próprio José Saramago considerou o romance o “remorso de baltazar serapião” um verdadeiro "tsunami literário". Entretanto começa a escrever letras para canções e em 2008 funda, com Miguel Pedro e António Rafael, do grupo Mão Morta, a banda Governo, onde assume a função de vocalista.

Alexandra Pereira, nº1, 10º E

Texto produzido no âmbito da disciplina de Literatura Portuguesa, Professora Lurdes Lopes

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