À procura de ti
Fiquei
parada. Esperei que o vento levasse consigo todas as minhas preocupações. Mas
de nada valeu.
Corri.
Parei. Voltei a correr. Deixei-me percorrer pela mágoa que me devorava o corpo.
Pela dúvida, a incerteza, o desconhecido. Até que o cansaço me deteve.
Então, senti
o meu corpo flutuar, a dor desvanecer-se e o pânico desolar-se da minha alma. O
conceito de sofrimento converteu-se, pouco a pouco, em algo oculto e
inexistente. A tristeza deu lugar a uma calmaria infinita, comparável ao
rebentar das ondas do mar na praia. Senti-me mergulhar num terno abraço
profundo, na magia de um coração puro, na veracidade de um sorriso completo e
de palavras cristalinas.
As
preocupações acabaram. Senti-me leve, pela primeira vez. E aí, aí vi-os… Enxerguei
os seus olhos: Verdes, duas lagoas fundas e intensas. Percorri-lhe o rosto,
detive-me nos seus lábios e agarrei-lhe as mãos, com força e determinação.
Apercebi-me do calor do seu corpo, do desejo que ele emanava e limitei-me a
entregar-me por completo. As minhas maçãs do rosto amadureceram, fervendo e
corando. Eu queria-o. Desejava-o. Amava-o totalmente! E sabia que ele assim mo retribuía.
No dobro, possivelmente. Não podia negá-lo, não valia a pena lutar contra
sentimento tão árduo e magnificente.
Fui invadida
pelo perfume doce de um botão de rosa vermelho, por uma lufada de ar fresco e
um formigueiro quente e breve.
O ar cheirava a rosmaninho, terra molhada e relva aprazível. Raios de sol ameno, oriundos das poucas entranhas daquele sítio com baixa luminosidade, batiam-me na face. “Sinais da primavera”- pensei.
O ar cheirava a rosmaninho, terra molhada e relva aprazível. Raios de sol ameno, oriundos das poucas entranhas daquele sítio com baixa luminosidade, batiam-me na face. “Sinais da primavera”- pensei.
Lentamente,
reconquistando a consciência, acordei. Fraca e sem forças, contudo, serena. A
dor já não me anestesiava as veias, as lágrimas já não eram gélidas, mas sim
secas, impedindo o congelamento do sangue. O meu coração batia lenta, mas
freneticamente.
Nesse
momento, olhei para o lado, na esperança de o encontrar. Esperança essa em vão,
pois ele tinha realmente partido. Para sempre. E tudo não passara de um sonho
tranquilo e irreal. Mas porquê? Qual a razão que me levara a abrir os olhos e
procurá-lo no vazio do bosque imenso, cor de musgo e húmido, onde, outrora, caíra
num sono intenso, só e abandonada? Porque procurara eu resposta a uma pergunta
que não estava preparada para realizar?
Entretanto,
decorrendo com diferentes níveis de rapidez, o tempo passou e a sua ausência é
já uma constante na minha vida. Oprimo lágrimas que tenho vontade de jorrar,
gritando em silêncio para que todos possam ouvir a minha dor.
Vivo na
esperança ingénua de que um dia ele volte. Necessito desse ser humano, que, no
fundo, é a minha essência, para poder ser completa, pois tudo o que aporta no
meu cais está, de alguma maneira, relacionado com ele.
Maria Almeida
Professora Clara Esteves
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