27/04/2010

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

Toda a actividade de escrita é precedida pela leitura.
O Dia Mundial do Livro foi comemorado a ler e a escrever.

Todos os alunos leram ou ouviram ler durante 30 minutos, entre as 9:30H e as 10H. A Equipa da Biblioteca seleccionou livros e textos para os diferentes níveis de escolaridade. Porém verificámos, com muito agrado, que a maioria dos Professores fez a sua escolha pessoal e partilhou, ou proporcionou a partilha desses textos aos alunos.


Neste Dia Mundial do Livro foi dado início ao projecto “Ha´u hakarak aprende” (Eu quero aprender) que tem por objectivo a recolha de livros para bibliotecas escolares em Timor Leste.
No polivalente, TIMOR foi escrito com livros portugueses.
Os livros ainda poderão ser entregues até 31 de Maio na Biblioteca.

Paralelamente, os alunos tiveram, e ainda têm, a possibilidade de dar largas à imaginação e “construir um poema” (poemas) na Biblioteca, subordinado ao tema: O LIVRO.
Esta actividade permanece até ao final de Maio, data em que serão expostos os poemas.

26/04/2010

Artigo do mês

 
Bons professores e regras morais contra a sociedade liquefeita
por Francesco Alberoni, Publicado em 06 de Abril de 2010

Há 50 anos nasceu a pedagogia segundo a qual não se deviam impor regras às crianças, apenas dar-lhes indicações.
Foi um descalabro, a sociedade liquefez-se. É preciso reconstruí-la.

Disseram que as normas impostas traumatizavam os meninos. Criaram-se pequenos monstros.

Os sociólogos estão sempre a repetir-nos que o nosso sistema social está cada vez mais desestruturado. Passámos da sociedade industrial para a pós-industrial, depois para a pós-moderna e por fim para a sociedade que Bauman designa por líquida, por não ter regras nem laços fortes. Contudo, para mim, as fases de desestruturação são seguidas de fases de reconstrução, e essa nova fase reconstrutiva já começou. Vejamos o campo do ensino. Há 50 anos, do encontro entre Dewey, a psicanálise e o vulgar marxismo, nasceu uma pedagogia segundo a qual não devem impor-se regras, mas apenas dar indicações. As crianças não devem decorar a tabuada, poemas, nomes das terras, datas da história, não devem estudar gramática nem análise lógica. Também não devem aceitar a autoridade dos pais e dos professores. Esses pedagogos achavam que, se o indivíduo fosse mais livre para criar, o florescimento cultural seria assombroso. Pelo contrário, gerou-se um vazio que foi preenchido pela cultura mediática.
As crianças não sabem poemas mas conhecem canções, não seguem os mandamentos morais, mas sim "o que dizem os colegas", não conhecem os clássicos, mas sabe o que dizem as personagens televisivas. Na verdade, a pedagogia que nivela tudo por baixo no intuito de esbater as diferenças teve como consequência tornar ignorantes milhões de pessoas e privilegiar aqueles que podiam ir para a universidade e para escolas de excelência com professores respeitados e programas rigorosos. É por essa razão que há cada vez mais pessoas a quererem uma escola mais séria, mais rigorosa, com professores preparados e mais respeitados. Mas também começam a perceber que é essencial que existam normas morais básicas interiorizadas, aprendidas até ao fim da infância.
Não se deve esperar que as crianças aprendam sozinhas que não devem roubar ou atormentar os colegas. Temos de as ensinar e fazer com que isso lhes fique gravado na mente, se torne um hábito. Por fim, também estamos a perceber que a nossa ordem social se baseia num mandamento fundamental: "Faz ao outro o que gostarias que ele te fizesse a ti." É um mandamento que não pode ser demonstrado com um cálculo custo-benefício. Ou se aceita ou não. Em 50 anos, passámos do autoritarismo mais cego à anarquia mais completa, da sociedade mais rígida à sociedade mais fragmentada, liquefeita. Mas ignorar ou contornar a liquefacção não basta; é preciso iniciar a reconstrução.

Francesco Alberoni, Sociólogo, escritor e jornalista

http://www.ionline.pt/conteudo/54044-bons-professores-e-regras-morais-contra-sociedade-liquefeita

Livro do Mês de Abril

O Amor infinito de Pedro e Inês
Neste romance de Luis Rosa não é só o tema que nos deleita, pela sua força inspiradora ao narrar uma das mais trágicas paixões que a nossa memória colectiva jamais esqueceu. É também a vibração da escrita de Luis Rosa que nos faz seguir página a página, numa leitura sem quebras, dando-nos o testemunho de um escritor que sabe contar como poucos.
Luis Rosa tem esse dom de transmitir as emoções, dando-lhes uma força e comunicabilidade que dir-se-ia estabelecer uma relação de cumplicidade entre autor e leitor. É como se a história estivesse a ser revivida por quem escreve e quem lê. E tudo isto sem esquecer o rigor histórico posto na investigação das personagens, do ambiente e sobretudo da intriga que culmina na tragédia que se abateu sobre o amor infinito de Pedro e Inês
[1].

[1] http://www.cdgo.com/artigoDetalhe.php?idArtigo=4049222 (adaptado)

Um excerto da obra
“Conselheiros, fidalgos e oficiais de justiça subiram em turbamulta as escadas do paço. Vários homens agarraram Inês, que inutilmente esbracejava.
Alguém deu ordem ao algoz para que a degolasse. Depressa, para que o pensamento não pensasse mais, nem houvesse razões para adiamentos.
Afastaram-lhe os filhos em choro. E quando o algoz avançou, a bela mulher ainda fez um esforço de leoa cercada, para lhe cravar as mãos na veste do ofício medonho. Inútil. Outros lhe prenderam as mãos atrás das costas e a fizeram
vergar sobre o cepo.
O carrasco deu um golpe apenas, eficaz e certo, de quem sabia do ofício. Como ponto final do auto ficcionado de cruenta realidade.
Fez-se silêncio brusco. Aqueles que se não suportaram a si próprios fugiram espavoridos.
Há vidas que duram um momento. E momentos longos como uma vida. E vidas que o são para sempre. Mesmo depois de mortas.”
(excerto da obra)

O Autor: Escritor Luis Rosa
Biografia: Luis Rosa é natural de Alcobaça, e licenciou-se em Filosofia, dispondo de várias formações multifacetadas, particularmente na área da gestão, exercendo elevadas funções numa grande empresa portuguesa. Desenvolveu também uma intensa actividade como docente. É membro da Academia Portuguesa de História. O primeiro romance de Luis Rosa, O Claustro do Silêncio, foi desde logo a sua consagração, ao ser distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira. Seguiu-se-lhe O Terramoto de Lisboa e a Invenção do Mundo, que a crítica não deixou passar sem elogiosas referências e o público esgotou. O Amor Infinito de Pedro e Inês, romance de grande densidade sobre um tema esplendoroso da nossa história, tem sido objecto de sucessivas edições.
Em Bocage – a Vida Apaixonada de Um Genial Libertino projecta-se o poeta na totalidade das suas dimensões. Ambas as obras receberam por parte do público e da crítica o mesmo entusiástico acolhimento.

Bibliografia:
ROSA, Luis (2009) O Amor infinito de Pedro e Inês, Editorial Presença, Lisboa.